Hoje faz um ano que entendi que estava completamente envolvido e apaixonado, e você sabe, Lua, que eu nunca esqueço desses pequenos momentos que fazem a vida valer a pena. Se vale ou não a comemoração, não me cabe agora decidir, mas eu simplesmente não poderia deixar de dizer isso aqui.
E nem posso deixar de te dizer, Lua, que com você aprendi tanta coisa, que ainda me pergunto se você foi real, ou foi uma divindade inventada por mim para preencher aquele vazio que tomava conta da minha alma. Numa noite, o nada. No dia seguinte, eu tinha Minha Deusa, Minha Fada, e minha vida de volta. Vivi um sonho-bom, cheio de amor-bom inconsequente, inconsciente, inconcebível e incondicional. E aprendi de novo, com a paixão dos adolescentes e a sensatez dos idosos.
Aprendi que a distância entre duas pessoas que se amam é apenas de um sorriso, e que não existem barreiras, fronteiras ou limites. Quando a paixão te invade, as convenções de espaço deixam de fazer sentido. Aprendi que amar é olhar nos teus olhos multicoloridos e sorrir sem pressa, porque a vida é boa demais para que nos preocupemos à toa.
Eu senti, Lua, tua purpurina mágica me envolvendo num abraço quente sempre que precisei chorar. E chorei, tantas vezes de alegria e tantas outras de saudade, que já nem sei te dizer mais...
Eu vi quando você libertou minhas amarras, fez minhas malas e me levou para um lugar distante, onde podíamos nos amar ouvindo o som do mar e do vento passando por entre os coqueiros. Era uma vida sem pressa vivida no meio de tantas preocupações e obrigações.
Tantas vezes mergulhei nos teus beijos, e nesse teu corpo esculpido pelos anjos (que seguiram fielmente as instruções dos demônios)... Em outras vezes andei de mãos dadas contigo por campos cobertos de flores e borboletas amarelas. Sentamos no chão para conversar sobre os caminhos esquisitos do destino. Fiz do sabor do vinho o teu beijo, e de cerejas o gosto do teu corpo. Escutei tua voz sussurrada a dizer mil "te amos" e "te adoros"... E em todas as vezes, quando abri os olhos, você não estava mais aqui, e precisei aprender a te amar somente dentro de mim.
E me tornei mais compreensivo com os velhos, mais carinhoso com os jovens. Comecei a sorrir mais. A viver mais. A amar mais. Porque você me ensinou que amor-bom não pede nada em troca, e é assim que tem que ser, sem cobranças nem receios, uma entrega sem volta. Imortal e eterno, como amantes e diamantes.
E então menina-que-pensa-pensa-pensa seguiu o caminho que deveria seguir, correndo atrás de sonhos antigos, porque sonhos antigos não podem ser desfeitos. Sei que não fiquei para trás, mas não poderiamos seguir pela mesma estrada, mesmo sabendo dentro de mim que eu atravessaria mares e montanhas e te procuraria por campos infinitos seguindo os pássaros, sem nunca deixar de te amar. Poderia ser amaldiçoado por deuses e abençoado por demônios, e mesmo assim esse meu sorriso bobo não se apagaria.
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." (F. Pessoa)
Eu te amei, Lua. E ouso dizer que ainda te amo. Porque amor-bom não morre.
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